*Entrevista Publicada no NOVO JORNAL [RN] - 07/10/11
O som é tranquilo, sincero e competente. É assim que Marcelo Jeneci vem conquistando o Brasil há cerca de um ano, desde o lançamento de seu álbum de estreia “Feito Para Acabar”. Cantando a felicidade, a ausência, os “drinks” de café com leite de rosa e outras particularidades a mais da vida, ele desembarca em Natal, amanhã, para uma apresentação que promete marcar a 12ª edição do Festival MADA (Música Alimento da Alma), que será realizado hoje e amanhã no Imirá Plaza.
“A minha vontade era tão grande de tocar aí (Natal), por causa de todo o carinho que a gente recebe diariamente na internet, que a minha produtora (Pessoa Produtora) juntou esforços com a organização do MADA para também arcar com alguns custos e levar o show completo com todo mundo no palco. E não é tão fácil conseguir circular com toda a banda por capitais como Natal”, disse o cantor, por telefone, logo após passar a manhã da quinta-feira ensaiando para a apresentação.
Foto: Divulgação |
Quem for conferir a apresentação pode esperar um show completo, não apenas em estrutura, mas em repertório também. Jeneci garante que não vai deixar de fora nenhuma das 13 aclamadas faixas de seu CD. “Tem tanta gente que vai por uma ou outra determinada música que eu não quero deixar nada de fora, e vou gostar disso”, afirma. “E ‘Amado’, a gente pode esperar também?”, pergunta o repórter, fazendo referência à composição de Jeneci que ficou conhecida na voz da igualmente talentosa Vanessa da Mata. “Pode, pode sim!”, prometeu.
Em quase um ano de shows por todo o Brasil, ele reconhece a recepção do público ao seu trabalho. “As pessoas cantam 70% das músicas do álbum, não só aquelas que estão nas rádios e essa sensação ao vivo é muito instigante”, avalia o cantor, que também se surpreende constantemente com fotos de fãs que tatuaram as letras de suas composições. “Recentemente eu recebi três”, conta.
‘Pra Sonhar’ também é campeã de aceitação. A composição que Jeneci criou para sua esposa tem embalado o casamento de casais apaixonados. “Recebo muitas cartas dizendo que as pessoas estão se casando com essa música, e é muito legal ver como a letra surte efeito e que as pessoas colhem ela pra si, sabe? Tá sendo muito positivo, principalmente para criar um segundo disco que carregue um capricho”, afirma.
Foto: site oficial/Divulgação |
Mesmo sendo paulista, a ligação com o Nordeste sempre foi muito forte. Filho de pernambucanos, o então garoto de 17 anos ganhou o seu primeiro instrumento, uma sanfona de Dominguinhos, para começar na música integrando a banda do cantor Chico César.
Anos depois, o garoto, já com os frutos de sua própria arte, teve a chance de comprar uma melhor. “Mas simbolicamente continuo com a que ele me deu, só que repaginada. Foi um presente que veio abençoado pelo Dominguinhos e tenho que respeitar. Me lembro, inclusive, que um tempo depois ele até se interessou em comprar a sanfona porque ela é realmente muito bacana, mas não vendi”, revela.
Questionado até que ponto a “nordestinidade” esta presente em suas composições, ele conta que funciona muito mais como um plano de fundo, de maneira inconsciente, quando compõe e se coloca no lamento da musicalidade nordestina. “Eu tô ligado diretamente com as raízes da música nordestina, e é natural que essa influência se apresente em algum momento”, conta.
Sobre o processo de criação do CD, ele comenta que não teve nenhum pensamento conceitual, e sim o objetivo de que precisava montar um repertório que passeasse por dois lugares fundamentais que abrangem a vida de todo mundo. “Um deles é a leveza, o lado superficial da vida, mais da festa e o outro é mais denso, explorando a incompletude do ser humano, o sofrimento”, classifica.
“Tem muito do que eu carrego, das questões misteriosas de se perder, de não entender direito a vida e sofrer um pouco com isso também. Precisava desse espaço pra falar sobre minhas memórias, meu sofrimento, a minha vontade e as minhas questões. É um trabalho muito sincero, completa.
Para quem escuta o trabalho de Jeneci, é impossível ignorar também o toque especial de uma voz feminina que participa de praticamente todas as suas composições, Laura Lavieri. Sobre a parceria, ele conta que é antiga. “O trabalho é autoral, mas tem sempre muita ajuda de todo mundo. A Laura participa comigo desde o começo. No momento em que eu me descobri como compositor, ela estava se descobrindo como cantora e sempre quando eu fazia alguma faixa, mostrava para ela e a gente via como que ia ficar o resultado final”, lembra.
“Felicidade” foi a primeira faixa a ganhar um clipe oficial. A ideia de fazer um vídeo ficcional com Selton Mello foi abandonada e substituída por um registro mais intimista da vida. “A ideia inicial era realmente algum trabalho com Selton Mello. O conheci na época em que ele me pediu uma música para a série A Mulher Invisível, então viajei na ideia, seria legal, mas não deu certo, tínhamos que atender a prazos e orçamentos”, comenta.
Ao invés de Selton Mello, quem entrou em cena foram os familiares de Jeneci. Durante cinco dias ele e uma equipe de filmagem chegaram “silenciosos e sem pretensão” em Sairé, no interior de Pernambuco, onde o cantor passou boa parte de sua infância. Lá registraram diversas cenas dos costumes locais, que, editados, viraram o belo vídeo. “Tem uma linguagem mais documental. Não criamos um roteiro, filmamos o que aconteceu e depois editamos. O curioso é que os acontecimentos casaram bastante com a letra, principalmente com o refrão que fala sobre sol e chuva e realmente choveu, depois apareceu o arco-íris, então tudo casou perfeitamente”, afirma.
Em breve, a felicidade dos fãs será ainda maior. Ele pretende lançar uma edição especial de Feito para Acabar com um mini documentário das gravações em Sairé, além de uma música inédita.
Foi muito legal. Tava fazendo um solzão, astral bacana com o pessoal querendo se divertir. Acho que foi uma experiência generosa tanto para quem tocou quanto pra quem foi assistir. E eu ainda pude ver Stevie Wonder, que foi incrível, maravilhoso. O cara é o Orixá da música.
PING PONG
Qual a influência do seu pai na sua música?
Na real, meu pai ajudou a trazer as grandes influências. Cresci ouvindo Roberto Carlos, Alceu Valença e ele também sempre colocava muitos filmes com trilhas sonoras incríveis. Ele é um entusiasta da boa música
Semana passada você abriu o quarto dia de Rock in Rio no palco Sunset, apresentando-se junto com Curumin. Como foi fazer parte desse festival?
Foi muito legal. Tava fazendo um solzão, astral bacana com o pessoal querendo se divertir. Acho que foi uma experiência generosa tanto para quem tocou quanto pra quem foi assistir. E eu ainda pude ver Stevie Wonder, que foi incrível, maravilhoso. O cara é o Orixá da música.
O que para você foi feito Para Acabar?
Tudo que é muito fugaz, pouco verdadeiro, que acontece antes de existir, é feio para acabar.
Tudo que é muito fugaz, pouco verdadeiro, que acontece antes de existir, é feio para acabar.
O que não foi feito para acabar?
Tudo que é muito verdadeiro e que existe antes de acontecer, é feito para durar no tempo.
@hickarruda:
Keep calm and try apparate. Cinéfilo, pottermaníaco, adora Tim Burton, acredita em vida fora da terra e queria ter super poderes além dos que ja tem. |